Com 17 anos, ela fugiu de casa e mudou de nome, contava mentiras e vivia.
Com 17 anos ela tomava Bloody Mary no café da manhã e se preparava para o dia que teria.
Reclamava dos amigos, da família e do namorado.
Com 17 anos achava que já tinha vivido a vida, e às vezes trocava a bebida matinal por chás de cogumelos.
Com 17 anos ela já tinha escrito um livro de poesias e já pensara em se suicidar, se achava velha.
Com 17 anos já tinha uma melhor amiga que era como uma libélula.
Com 17 anos já tinha visitado outros mundos e sofrido com a distância.
Com 17 anos ainda era jovem o suficiente para saber tudo, mas ainda não sabia disso.
Com 17 anos sonhava ir para o sul, tinha esperança por um mundo melhor até que viu que tudo era diatópico, mas as vezes achava que a terra era praticamente inofensiva e assim ria de tudo.
Com 17 anos sofria com Werther e se transformava com Kafka.
Com 17 anos ainda esperava por uma mensagem especial na caixa de correios, porque afinal: O mundo é mágico.
Com 17 anos olhava as nuvens e via que tudo era arte e destruição, como isso era bonito.
Com 17 anos roubava livros e descobria clubes.
Com 17 anos:
Esquecia,
lembrava,
sonhava,
morria.
Com 17 anos imaginava o que seria viver a vida, aquela melancolia que não te largava então ela fugia.
Parecia ser os seus últimos dias e tudo estava para acontecer.
Ela viveria até antes do sol nascer, veria tudo aquilo desfalecer, como na primeira vez.
Por quê?
Está tudo acontecendo, é apenas um fim e ela esta crescendo.
Ela não tem mais apenas 17 anos.
@tehquintela